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15 de abril de 2011

Burro velho não aprende?

Este foi um artigo que o grande Içami Tiba publicou em sua coluna na UOL, página Educação, e que muito nos chama a atenção, reescrevo na íntegra o texto para que possamos fazer essa análise, uma vez que tanto admiro este mestre, e muito agradeço pela oportunidade de fazer parte de um dos seus  projetos (Prevenção Violência, Sexualidade na Adolescência, Drogas, Rebeldia e Onipotência Ju, Adolescência), projeto este que muito empolga a todos os participantes, e esta publicação é uma forma de prestar homenagem a este grande homem.

Burro velho não aprende?

Por Içami Tiba
 
Não acreditem neste velho ditado popular: “Burro velho não aprende!”

São quatro grandes besteiras ditas em quatro palavras. 1. Burro não é “burro”, é um muar mais inteligente e resistente do que o cavalo; 2. burro “velho” é usado como teimoso, só porque ele faz o que ele quer e não o que o seu patrão manda; 3. não aprende; solte-o num pasto nunca dantes frequentado por ele e ele aprenderá rapidinho o melhor caminho para o melhor pasto; 4. a frase toda é mentirosa, preconceituosa  e totalmente depreciativa. Quando chamamos alguém de burro, estamos ofendendo o burro. 5. Quem aceita este ditado para si, interrompe com ele o seu próprio futuro com projetos e sonhos para viver o presente sem realizações, baseando-se somente num passado que se tornou obsoleto. 

Aqui vão alguns dados que demonstram que os velhos aprendem, sim, quando lhes interessa:

1. Os motoristas de taxi de Londres são submetidos a rigorosos testes de conhecimento do mapa do trânsito da cidade para poderem trabalhar. Colocando tais taxistas em um exame de angiologia cerebral, existe uma grande ativação e um aumento de tamanho no córtex parahipocampal direito, quando se pede que pensem num trajeto. Estes motoristas de tanto usarem esta área aumentaram-na inclusive de tamanho! Trata-se de uma pesquisa em andamento. Se assim for, o não uso do cérebro pode atrofiá-lo? Perguntas, temos muitas, mas as respostas são poucas. Ou seja, é um excelente campo para a pesquisa científica...

Para entender melhor o parágrafo anterior vou fazer uma comparação entre o taxista londrino e um taxista que nunca tenha dirigido em Londres. O segundo leva muito mais tempo do que o primeiro para aprender um caminho novo.

2. Qualquer médico especialista, antigo em idade, mas atualizado na sua profissão, em um instante aprende as novidades que surgem se de fato lhes interessarem. Aprendem até mais depressa que outros colegas de qualquer idade que não são especialistas. Atualizado significa que nunca deixou de aprender todas as novidades que surgiam no seu ramo, inclusive as surgidas na informática, como a Internet, o Google e sites de relacionamentos...

3. Os neurônios da memória envelhecem e tornam-se mais lentos no processo de memorização. A neurociência descobriu que estes neurônios, verdadeiros hardware, reproduzem neurônios filhotes, como se fossem software, que memorizam provisoriamente dados e vão lentamente passando para hardware, dando-lhe o tempo necessário para o aprendizado. Uma vez cumprida a missão, eles desaparecem. Assim, os velhos podem levar mais tempo para aprender do que os jovens, mas uma vez aprendido e praticado passa a ser mais experiente.

No meu livro “Família de Alta Performance”, na página 213, dedico à Ginástica mental, verdadeiros exercícios cerebrais com a finalidade de criar novas sinapses entre os neurônios, onde se alojam a Inteligência e a Capacidade de Aprender, e a”desenferrujar” as que estão perdendo suas funções por falta de uso. 
Parar de aprender é antinatural no desenvolvimento do ser humano e pode ser resultado de depressão, falta de estímulo, baixa autoestima, conformação com a ignorância, perda de esperança, descrença na vida, pois a aprendizagem só acaba quando a pessoa morre.

   Içami Tiba (Tapiraí, 15 de março de 1941) é um médico psiquiatra, psicodramatista, colunista, escritor de livros sobre educação familiar e escolar e palestrante brasileiro. Segundo uma pesquisa feita pelo IBOPE, a pedido do Conselho Federal de Psicologia, seu nome está em terceiro lugar como o autor de pesquisa e referência, antecedido por Freud (1o. lugar) e Jung (2o. lugar). 

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