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25 de fevereiro de 2013

Blogueira cubana visita Copacabana e o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro

Sem manifestações hostis, Yoani posou para foto com dezenas de pessoas. Do Brasil, ela elogiou a liberdade, palavra que considera 'proibida' em Cuba.

João Bandeira de Mello Do G1 Rio

Yoani observa o mar e a Ilha de Cotunduba do bondnho do Pão de Açúcar (Foto: João Bandeira de Mello/G1)Yoani observa o mar e a Ilha de Cotunduba do bondnho do Pão de Açúcar (Foto: João Bandeira de Mello/G1)
A blogueira cubana Yoani Sánchez saiu por volta das 9h30 deste domingo (24) do hotel Windsor Barra, na Barra Tijuca, na Zona Oeste do Rio, para um passeio pela Orla da Zona Sul. Acompanhada pelo deputado federal Otavio Leite (PSDB-RJ), ela rumou às praias pela Avenida Niemeyer, com vista aberta do mar, em vez de seguir pela Autoestrada Lagoa Barra.
Yoani Sánchez e Otavio Leite saem do Hotel Windsor Barra (Foto: João Bandeira de Mello/ G1)Yoani Sánchez e Otavio Leite saem do Hotel
Windsor Barra (Foto: João Bandeira de Mello/ G1)
Yoani hospedou-se no hotel cinco estrelas, cuja diária mais barata passa de R$600,00, por cortesia da Associação Brasileira da Indústria Hoeleira no Rio de Janeiro (ABIHRJ), segundo o político.

Antes de deixar o hotel, Otávio Leite mostrou o roteiro e o mapa a Yoani, que estava acompanhada de três seguranças cedidos pela Secretaria de segurança do Estado, a pedido do deputado.
"A recepção é muito boa, as pessoas são muito calorosas, estão com um olho na cidade, que é linda, e outro em Cuba", garantiu a blogueira, que na noite de sábado (23), jantou com Otávio Leite, a mulher dele e a atriz Rosamaria Murtinho, que é simpatizante do PSDB, no restaurante La Botticcella, na Barra.
O deputado disse que o convite que fez à Yoani para ir a Brasília falar no Congresso foi uma "resposta para o Brasil refletir sobre a violência cometida não só contra ela, como também contra o Dado Galvão (cineasta que não pôde exibir um documentário com Yoani em Feira de Santana, na Bahia, devido a manisfestações hostis de militantes de partidos de esquerda)".
Yoani Sánchez disse que a possível escolha de um vice-presidente com menos de 80 anos pode ser "uma pequena mudança na Assembleia Nacional em que o Partido Comunista cubano deve neste domingo (24) reconduzir Raúl Castro ao cargo de presidente por mais cinco anos, após Miguel Díaz Canel, de 51 anos, como vice-presidente. "É raro algúem com menos de 80 anos ser escolhido por lá", comentou.
Yoani Sánchez bebe água de coco em Copacabana (Foto: João Bandeira de Mello/ G1)Yoani Sánchez bebe água de coco em Copacabana (Foto: João Bandeira de Mello/ G1)
Politicamente, porém, a blogueira não é otimista quanto à mudanças efetivas. "Ele [Miguel Díaz Canel, uma dos favoritos para o cargo de vice] é bastante fiel ao governo. É mais fácil termos uma surpresa aqui na praia, do que em Havana", disse, antes de visitar o Forte de Copacabana.
Em seguida a blogueira cubana tomou água de coco em um quiosque na altura da rua Santa Clara, em Copacabana. "Deliciosa", disse. Ali, Yoani encontrou-se com outros políticos do Rio de Janeiro de oposição ao governo federal, como os deputados estaduais Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) e Aspásia Camargo (PV), com quem conversou sobre educação em espanhol.
"Desde a queda da União Soviética [que financiava boa parte do aparato estatal cubano] nossa educação caiu muito de qualidade; o que acontece é que não há um instituto independente do governo para avaliar a qualidade da educação e eu não creio realmente nos dados, que são todos oficiais. Outro problema é a ideologização da educação que é muito pesada", afirmou.
A blogueira, também filóloga e jornalista, se disse, porém, "esperançosa". "Parte da pressão do que fazemos [pelo uso da internet] é para podermos ter, quem sabe, um meio de imprensa livre, independente".  Yoani frizou que seu blog não é mais bloqueado em Cuba, "como foi de 2008 a 2011", mas que o governo monitora tudo e que donos de estabelecimentos onde seu blog é acessado sofrem represálias, como perder lcienças e acesso à internet por determinados períodos.

Na Avenida Atlântica, em Copacabana, Yoani foi cumprimentada e recebeu o apoio de cerca de 20 pessoas, durante cerca de 20 minutos.  Entre os cumprimentos, o de um senhor que pediu "desculpas em nome do povo brasileiro pelo absurdo da violência que cometeram [contra a blogueira]", referindo-se às hostilidades de militantes em Pernambuco, Bahia e São Paulo. Somente uma mulher gritou "volta para Cuba". A blogueira seguiu para o Pão de Açúcar.
Passeio 'só love' no bondinho
Longe das hostilidades cometidas por militantes de partidos como PT e PC do B, especialmente, em Feira de Santana (BA) e São Paulo. Yoani Sánchez teve uma manhã de "só love" no Pão de Açúcar, que visitou de bondinho.
Na subida, ela não degrudou o olhar da vista áerea para o mar. Entre a primeira parada, no Morro da Urca, e a estação final do Pão de Açúcar, foi parada diversas vezes por turistas, mas para tirar fotos com eles. Foram mais de 20 poses com pessoas e grupos que visitavam o local.
Advogado de Cuiabá tira foto com Yoani com Copacabana ao fundo (Foto: João Bandeira de Mello/G1)Advogado de Cuiabá tira foto com Yoani com Copacabana ao fundo (Foto: João Bandeira de Mello/G1)
"Eu sou um dos que admira o trabalho dela no Brasil e falei para ela ir conhecer o Pantanal", disse o advogado Nestor Fidelis, de 38 anos. Morador de Cuiabá, capital do Mato Grosso, ele fez questão de comentar que seu sobrenome não tem "nenhuma relação" com o ditador cubano Fidel Castro, que esteve no comando do país de1959  a 2006, quando passou o cargo para o irmão, Raúl.
Turista de Recife tieta a blogueira cubana no Pão de Açúcar (Foto: João Bandeira de Mello/G1)Turista de Recife tieta a blogueira cubana no Pão de Açúcar
(Foto: João Bandeira de Mello/G1)
A técnica de radiologia Marcela Santos, de 41 anos, também fez questão de se fotografar com Yoani. "Não conheço a fundo o trabalho dela, mas admiro a coragem", disse a turista, da capital pernambucana Recife.
Após a visita ao Pão de Açúcar, a blogueira foi almoçar com um amigo, correspondente do jornal espanhol El País – para o qual ela também trabalha – e, em princípio, não teria mais agendas públicas neste domingo (24). Antes de partir, disse levaria daqui a "pluralidade" que não é possível em seu país.
Questionada sobre a diferença das questões relativas à liberdade no Brasil e no país dela, Yoani disse que "em Cuba, liberdade é uma palavra proibida, como se não existisse".
Chegada ao Rio
Yoani Sánchez chegou ao Rio de Janeiro, por volta de 17h30 deste sábado (23), no aeroporto Santos Dumont, vinda de São Paulo. O desembarque foi tranquilo, sem a presença de militantes favoráveis ao regime ditatorial cubano, como os que a vaiaram e xingaram em outras cidades do Brasil por onde ela passou durante a semana.